Aàs várias faces do preconceito

aÀs Várias Faces do Preconceito

Por Rodolfo da Silva Lopes ¹

Crash – No Limite, (Crash), 2004, EUA, Lions Gate Films Inc. / Imagem Filmes.

O filme Crash, de Paul Haggis, vem para destacar seu nome entre os célebres diretores americanos, depois de ganhar notoriedade escrevendo o roteiro de “Menina de Ouro”, o realizador dá um salto em sua carreira ao abordar o tema sempre polemico e recorrente do preconceito racial. Com vários focos narrativos entrecortados que, dando sentido ao título da obra, se colidem em algum ponto da trama, temos um retrato dos conflitos étnicos e econômicos da cidade de Los Angeles, mas que acaba por se tornar um problema universal.
No começo do filme, quando o casal branco tem seu carro roubado, a personagem “Sra. Jean” argumenta para seu marido que se mudar de direção ao ver dois negros se aproximando será considerada racista, mas que foi atacada por negros logo depois, na mesma cena ela pede que as fechaduras sejam trocadas novamente, pois quem está trocando tem tatuagens e roupas típicas de gângsteres. Há aqui uma reflexão interessante que a obra nos proporciona: um julgamento que leva em conta somente a raiz social pode cometer erros e acertos, afinal, ela estava certa a respeito dos negros, mas de outro lado, errada sobre o chaveiro, essa ambiguidade se deve ao fato de que a ideia foi formada sob um único ponto de vista, o que a torna limitada e invalida, já que ignora as experiências e a história de vida da pessoa.
Outra característica interessante do filme que vale a pena ser discutida é a contradição em que alguns personagens caem quando são vítimas de preconceito e ao mesmo tempo o praticam, às vezes até mesmo com alguém que está na mesma situação, ninguém é inocente, todos estão envolvidos em um tecido social que parece ter o preconceito como parte natural de seu funcionamento. Podemos exemplificar com o caso do policial “Hanson”, que pede afastamento de seu parceiro de trabalho por considerá-lo racista, mas que depois,