Em seu livro A Virtude Soberana, Ronald Dworkin discorre sobre as razões da justiça e da funcionalidade das ações afirmativas existentes nos Estados Unidos. Para sustentar e exemplificar seus argumentos, o autor utiliza um estudo estatístico chamado “The Shape of the River”, onde reúne informações de 28 universidades dos EUA nos anos de 1951,1976 e 1989. Utilizando dados desse estudo, Dworkin expõe que a nota média no SAT (sigla para Scholastic Aptitude Test, um exame educacional padrão aplicado nos EUA) de alunos negros dessas universidades contém uma diferença insignificante em comparação com a nota de alunos brancos que entraram nessas mesmas universidades, com isso, Dworkin nos mostra que, caso houvesse a eliminação dessas ações afirmativas, o número de negros ingressantes em universidades cairia drasticamente, no entanto, as notas médias dos alunos não aumentariam. Segundo Dworkin, as ações afirmativas seriam injustas caso violassem os direitos dos outros candidatos, no entanto, logo em seguida, a partir do estudo de River, é apresentado que a probabilidade de admissão dos candidatos brancos rejeitados subiria 1,5%, ou seja, mesmo com a neutralidade racial as chances dos estudantes brancos seriam quase as mesmas, e isso demostra que esse número não é significante para representar uma violação do direito dos brancos recusados por essas universidades. Outro ponto importante colocado pelo autor para demonstrar a funcionalidade das ações afirmativas é a questão do aumento do salário dos alunos negros formados por essas faculdades, o que demostra a qualificação desses estudantes, negando que eles não seriam capazes de acompanhar os estudos e o padrão dessas instituições. Além desse fato, também há o crescimento do número de negros em cargos mais altos e melhor remunerados, como de executivos, advogados, professores e médicos. O autor também salienta que através das ações afirmativas essas universidades trazem diversidade estudantil e justiça racial, portanto,