AUTONOMIA DOS IDOSOS
INTRODUÇÃO
A experiência de envelhecer vem se transformando nos últimos anos de tal modo que vemos alteradas as imagens sociais, as possibilidades concretas de experiência, os desafios e as identidades atreladas ao processo de envelhecimento. Ao observarmos as manifestações culturais daqueles que vivenciam as etapas mais tardias da vida, identificamos um alargamento do espectro de significações que compõem a identidade do envelhecer: da velhice como etapa final da vida para a terceira idade como início de uma "nova etapa".
De todas as transformações que marcam o envelhecimento contemporâneo, o surgimento da identidade terceira idade1 parece ser a mais inovadora e desafiadora, visto que oferece a possibilidade de condensar muitas das questões que atingem os que envelhecem na contemporaneidade. Neste artigo, pretendemos refletir acerca de algumas características específicas do "novo envelhecer" contemporâneo, e indagar a que fatores, condições ou aspectos identitários da cultura o mesmo se articula2.
Uma hipótese geral nos conduzirá nesta empreitada: a recém-criada identidade da terceira idade mantém estreita vinculação com as normas mais gerais para a construção das identidades contemporâneas, retirando muitas das suas características deste que é o padrão dominante no nosso momento histórico. Visto que a terceira idade vem sendo interpretada como uma espécie de revolução das formas de envelhecer e que, de fato, acrescenta diversos elementos inéditos a esse processo, cabe-nos indagar até que ponto chega o alcance dessa inovação, e a partir de que momento o mesmo passa a corroborar padrões identitários anteriormente vigentes.
Para realizar essa análise, apresentaremos uma descrição propositalmente generalista das características da terceira idade, acompanhando as imagens e os discursos que circulam no imaginário contemporâneo e recorrendo à literatura especializada para inserir elementos interessantes e complementares. Cabe frisar que esta