* Segundo Hênio Tavares, auto significa toda obra representativa e dramática de assunto religioso muito comum na idade média. Procede de “actum” – aito-auto. Este termo assume, hoje, um sentido geral o qual se refere a peças teatrais populares. * A peça recebeu o nome Auto da compadecida devido ao fato de ser a compadecida aquela que auxilia seu filho, Manuel – Jesus Cristo –, durante a reflexão de cada personagem nos dois planos: no celestial, onde se reflete a essência de cada indivíduo, e no terrestre, onde se reflete a aparência de cada um. * Dessa forma, a compadecida acaba por estimular cada personagem a refletir sobre eles mesmos, fazendo um diagnóstico de suas vidas. No grupo, há pecados de toda natureza: mentira, adultério, assassinato, ganância... E o diabo é o promotor. Quando tudo parece perdido, João Grilo apela para Nossa Senhora, que surge e se compadece * A parte mais interessante da trama é quando os personagens chegam ao plano celestial e são julgados, revelando o profano e o sagrado. É de se observar que há uma contradição entre esses dois planos, o mesmo em que o autor Gil Vicente apresentava em seus autos durante o medievalismo. * O texto tem como objetivo causar uma catarse psicológica de valores morais no âmbito social e religioso dos interlocutores ou espectadores da trama. * Há passagem de um plano a outro, implicando o chamado joco-sério do “ser e do parecer”, que se dá por meio da transformação: vida e morte. É nessa mudança de plano que o texto atinge o seu ápice ou clímax. * Os personagens entram em disjunção com a vida e em conjunção com a morte. Segundo a Compadecida, em seu julgamento, quem é “sagrado” na terra, poderá ser “profano” no céu. Talvez, o que Dante já tenha nos mostrado, na sua clássica obra “A Divina