AUTO DA BARCA DO INFERNO
“O ENFORCADO”
Dia.- Vens em boa hora enforcado Que diz la Garcia Moniz?
Enf.- eu digo-te o que ele disse: Que foi bem enganado Ao morrer pendurado Como se caísse numa armadilha para pássaros e diz que os feitos que eu fiz Me fazem de santo Dia.- Entra aqui, *que ate as portas do inferno governara enf.- Não e essa nau que eu governo dia.- Digo-te eu que aqui iras enf.- Oh não Se Garcia Moniz diz Que os que morrem como eu morri Ficam livres do satanás... E disse que deus agradaria *que fora ele o enforcado E que fosse deus louvado Que em boa hora eu ca nasci E que o senhor me escolheu; E por bem vi beleguins E com isto mil latins Mui lindos, feitos de cera E na hora da morte Disse-me aos meus ouvidos Que o lugar dos escolhidos Era a forca e o limoeiro Nem o guarda do mosteiro Tinha tanta influência Como Afonso valente Que agora e carcereiro Dia.- Dava-te de consolação isso Ou algum esforço? Enf.- com a corda ao pescoço Muito mal presta a pregação… E ele aguenta a pregação Porque sabe que continuara vivo e jantara Mas quem há-de estar pendurado Aborrece-lhe o sermão Dia.- Entra, entra na barca Que para o inferno tu vais Enf.- o Moniz há-de mentir? Disse-me que com são Miguel Eu jantaria pão e mel Assim que fosse enforcado Ora já passei o meu enforcamento E já esta feito o burel Agora não sei o que e isso: Não me falou em ribeira, Nem