autismo
As primeiras mudanças no modo de pensar sobre isso surgiram com Ritvo (1976), que relacionou o autismo a um déficit cognitivo, não o considerando uma psicose e sim um distúrbio do desenvolvimento. Dessa maneira, a relação autismo com deficiência mental passa a ser cada vez mais ponderada, levando-nos a uma situação desigual entre as classificações francesa, americana e a da Organização Mundial da Saúde. Assim, se as duas últimas (APA, 1995; WHO, 1993) enquadram o autismo dentro da categoria de "distúrbios abrangentes de desenvolvimento", enfatizando a relação autismo-cognição, de acordo com os trabalhos de Baron-Cohen (1988, 1991), em oposição flagrante à CID-9; a primeira (Misés, 1990)8 remete-nos ao conceito de "defeito de organização ou desorganização da personalidade", caracterizando o conceito de "psicose" em sua expressão tradicional.
A cada autor podemos ver diferentes abordagens e outras maneiras de encarar o autismo e classificá-lo. Burack (1992), reforça a idéia do déficit cognitivo, frisando que o autismo tem sido, nos últimos anos, enfocado sob uma ótica desenvolvimentista, sendo relacionado a deficiência mental, uma vez que cerca de 70-86% dos autistas são deficientes mentais. Já Lebovici (1991), com toda a sua tradição psicanalítica, é textual quando diz que "para os clínicos, é uma síndrome relativamente precisa. A referência histórica a Kanner faz da síndrome uma maneira mais ou menos específica de estar no mundo e aí formar relações atípicas", distinguindo a ambigüidade e a diferença das duas abordagens. Gillberg (1990) diz que "é altamente improvável que existam casos de autismo não orgânico", dizendo que "o autismo é uma disfunção orgânica