Autismo
Introdução
Bleulet em 1911 foi o primeiro a introduzir a expressão “autismo” para designar a perda do contato com a realidade, a qual acarreta uma grande dificuldade ou impossibilidade na comunicação. Kanner, em 1943, ampliou o estudo utilizando essa mesma expressão para descrever os casos de crianças que apresentavam comportamentos bastante originais, sugerindo assim que se trata de uma inabilidade em estabelecer contato afetivo e interpessoal. A partir da descrição de Kanner, inúmeros aportes quanto à epidemiologia, classificação e reconhecimento do autismo têm contribuído de forma significativa para a compreensão dos aspectos biológicos dos transtornos invasivos do desenvolvimento (TID). As dificuldades na interação social podem manifestar-se como isolamento ou comportamento social impróprio; pobre contato visual; dificuldade em participar de atividades em grupo; indiferença afetiva ou demonstrações inapropriadas de afeto; falta de empatia social ou emocional, uma vez que possuem uma interpretação equivocada a respeito de como são percebidos pelas outras pessoas. As dificuldades na comunicação ocorrem em graus variados, tanto na habilidade verbal quanto na não-verbal de compartilhar informações com outros. Os padrões repetitivos e estereotipados de comportamento característicos do autismo incluem resistência a mudanças, insistência em determinadas rotinas, apego excessivo a objetos e fascínios com o movimento de peças como, por exemplo, as rodas ou hélices. Os critérios do DSM-IV para diagnosticar o autismo têm um grau elevado de especificidade e sensibilidade em grupos de diferentes faixas etárias e entre indivíduos com habilidades cognitivas e de linguagem distintas.
Neuropatologia e neuroimagem
O entendimento atual da neuropatologia do autismo é baseada no trabalhos de Bauman & Kemper27-29, que encontraram alterações neuropatológicas consistentes no sistema límbico e nos circuitos cerebelares de 11 cérebros estudados até o momento.