Até onde o desejo constroi o ser humano?
Universidade Católica de Brasília
Brasília, outubro de 2010 ATÉ ONDE O DESEJO CONSTROI O SER HUMANO?
INTRODUÇÃO
O desejo, ou vontade, parece ser em sua egoísta composição, a força motriz de uma sociedade incompleta, que busca com todas as forças saciar o insaciável, e a filosofia de Schopenhauer vem de forma realista e sucinta trabalhar o tema, com sinceridade e com sua alcunha de “pessimista” desdenha o definível, o efêmero. Este trabalho ensaia uma conceituação deste desejo, analisa a Dor e o Prazer, e Desejo e Posse, respectivamente, visando demonstrar que a realização sublime está, antes de mais nada, no findar da vontade, e não no alimentá-la. A análise é primária e sucinta, considerando a profundidade e abstração do tema. CONCEITUAÇÃO
“Desde que o mundo é essencialmente vontade, não pode deixar de ser um mundo de sofrimento. A vontade é um índice de necessidade, e como ela é imperecível, continua sempre insatisfeita. A aparente satisfação da vontade conduz ao tédio. A satisfação de um desejo é como a esmola que se dá ao mendigo, só consegue manter-lhe a vida para lhe prolongar a miséria. Por isso mesmo a vontade é um mal e a origem de todos os males”.
A filosofia de Schopenhauer parte de uma interpretação de alguns pressupostos da filosofia de Kant, em especial de sua concepção de Fenômeno, não que Kant seja único na estante do filosofo supracitado, mas talvez seja um dos mais relevantes. Esta noção leva Schopenhauer a postular que o mundo não é mais que Representação (fato este que o leva a intitular um de seus mais famosos tratados com o nome: Mundo como Vontade e Representação). Esta conta com dois pólos inseparáveis: inicialmente o objeto, constituído a partir de espaço e tempo; por outro, a consciência subjetiva acerca do mundo, sem a qual este não existiria. Contudo, Schopenhauer rompe com Kant, uma vez que este afirma a impossibilidade da consciência alcançar a Coisa-em-si, isto é, a