Atividade física em adolescentes
Lars Bo Andersen
PhD. Professor, Center for Research in Childhood Health, Institute of Sports Science and Clinical Biomechanics, University of Southern Denmark, Odense, Dinamarca.
Correspondência
Neste número do Jornal de Pediatria, Ceschini et al.1 publicam um artigo intitulado "Prevalência de inatividade física e fatores associados em estudantes do ensino médio de escolas públicas estaduais". O tópico é muito importante porque a atividade física traz benefícios à saúde relevantes na juventude. A inatividade física é associada a um agrupamento de fatores de risco para doença cardiovascular (DCV) na juventude, isto é, os níveis de muitos fatores de risco para DCV tendem a aumentar simultaneamente2. Pode haver várias razões para essa combinação de fatores de risco em crianças sedentárias, mas, entre os principais candidatos, a diminuição da sensibilidade à insulina é essencial. Os efeitos biológicos relacionados a altos níveis de atividade física em crianças são uma menor pressão sanguínea, níveis séricos de lipídios e lipoproteínas mais favoráveis, maior sensibilidade à insulina e menor adiposidade3. Tem-se demonstrado que a inatividade física e o menor nível de aptidão física estão relacionados com fatores de risco para DCV em crianças, independentemente da obesidade4. Além disso, a atividade física tem sido consistentemente associada com uma melhor saúde psicológica, como por exemplo, níveis mais altos de autoestima e mais baixos de ansiedade e estresse. A atividade física na infância e na adolescência também é importante para atingir e manter uma adequada resistência óssea, e ela contribui para um desenvolvimento esquelético normal3.
Os fatores de risco biológicos para DCV podem não ser um problema sério em crianças, porque poucas (ou nenhuma) delas sofrem de doença como resultado de um estilo de vida sedentário. No entanto, duas razões poderiam justificar o início de estratégias de prevenção