Atividade artística e contemplação A função da arte e do artista
CAPÍTULO 4- Atividade artística e contemplação
A função da arte e do artista
Definir o que é arte ou mesmo qual é a sua função não é algo fácil, nem mesmo definitivo. A arte, assim como o ser humano, está em constantes processos de modificação, e inclusive pode assumir diversas funções no dia-a-dia das pessoas. Para Aristóteles, a Arte é póiesis; é uma produção, uma criação de algo. Para Plotino, a arte tem uma função espiritual, que exterioriza algo que, ao ser contemplado, leva a uma reflexão interna e, consequentemente, ao alcance da beleza, agora pertencente à forma interior.
De acordo com Aristóteles, teríamos a Arte e a Natureza como princípios opostos; porém, se analisarmos pela ótica de que a Natureza é formada por matéria e pela forma, e a forma e a matéria também se aplicam à arte. E ainda, podemos dizer que Deus, concebido como um ato de inteligência no processo de criação (póiesis), faria o papel de artista, e suas criações obras da natureza.
A função da arte depende do meio, época e contexto em que está inserida. Na filosofia medieval, temos a Arte com a função de aproximação com o divino, um instrumento para essa aproximação. O belo estético passa a ser o que melhor representa, o que está mais próximo da Verdade. Não mais o belo visual (método racional), mas sim o que melhor se aproxima ao divino. Essa visão reflete o modo de pensar da cultura medieval. No caso da filosofia da Antiguidade, referenciando Aristóteles, a Arte seria uma imitação da realidade natural e humana. A função artística da tragédia, por exemplo, era purificar as emoções, superando o terror e a piedade, de maneira que o espectador, ao se identificar com o personagem, seria libertado e chegaria ao equilíbrio. Essa seria uma qualidade da arte, sua qualidade libertadora; a catarse, a chegada ao extremo do sentimento, da expressão. Para Aristóteles a catarse é o instrumento para dar vazão à emoção, enquanto Platão valorizava o médio, o