iniciação a filosofia
Leitura e releitura de obras de arte
Marcelino Peixoto Melo
O universo da arte1
Arte = unidade do eterno e do novo, aparentemente impossível, realizada pelos e para os humanos.
P/ Merleau-Ponty, “o primeiro desenho nas cavernas fundava uma tradição porque recolhia uma outra: a da percepção. A quase eternidade da arte confunde-se com a quase eternidade da existência humana encarnada e por isso temos, no exercício de nosso corpo e de nossos sentidos, com que compreender nossa gesticulação cultural, que nos insere no tempo”.
A obra de Arte dá a ver, a ouvir, a sentir, a pensar, a dizer. Nela e por ela, a realidade se revela como se jamais a tivéssemos visto, ouvido, dito, sentido ou pensado.
A arte pode ser o caminho do instituído ao instituinte. Um leve deslocamento do sentido instituído e a explosão de um outro sentido. Transfiguração do existente numa outra realidade, que o faz renascer sob a forma de uma obra.
As obras de arte realizam o desvendamento do mundo recriando o mundo noutra dimensão e de tal maneira que a realidade não está aquém e nem na obra, mas é a própria obra de arte.
ARTE E TÉCNICA
Arte vem do latim ars que corresponde ao termo grego techne (técnica), significando: o que é ordenado ou toda espécie de atividade humana submetida a regras.
Seu campo semântico se define em oposição ao acaso, ao espontâneo e ao natural. Assim sendo, arte é um conjunto de regras para dirigir uma atividade humana qualquer.
Nessa perspectiva falamos em arte médica, poética, política, bélica, retórica etc.
Platão não a distinguia das ciências nem da Filosofia, uma vez que, como a arte, estas são atividade ordenadas.
Aristóteles estabelece uma distinção entre ação (práxis) e fabricação (poiesis). A política e a ética são ciências da ação. As artes ou técnicas, são atividades de fabricação.
Plotino distingue técnicas ou artes cuja finalidade é auxiliar a Natureza (medicina, agricultura) daquelas cuja finalidade é fabricar um