Astecas
O debate sobre o canibalismo na antropologia contemporânea – Michael Harner, 1977:
O debate a respeito do canibalismo na Antropologia Contemporânea iniciou-se em 1977, por Michael Harner, através da publicação de um arquivo que interpretava a máquina de guerra Asteca (do México-Tenochtitlan) como canibal em grande escala, e justificava isto pela necessidade e falta de proteína do império mexica que segundo ele era desprovido de caça e de gado de grande porte para suprir tais necessidades.
Apesar de ter dado início ao debate os Astecas foram inspiração para poucos embates após os que seguiram o artigo de Harner, foi notavelmente priorizado o desenvolvimento a velha antropofagia principalmente no Brasil, através do caso Tupi.
A tese de Harner entretanto é desmentida pelas mesmas páginas de cronistas e missionários em que ele encontrou seus argumentos. No século XVI, Francisco Hernández (médico principal ou protomédico de Felipe II) relatava admirado a fartura dos mercados do México e sua variada oferta de carnes nativas (fontes de proteínas) .
Antropofagia ≠ Canibalismo
Oscar Calavia Sáez autor do texto, apresenta diversos autores como Arens que denuncia o canibalismo como fantasia dos colonizadores e Lestringant que marca uma visão miserabilista do canibalismo como recurso alimentar necessário á populações primitivas. No entanto o autor aborda como principal enfoque a distinção entre Antropofagia e Canibalismo proposta por Obeyesekere a qual revela um complexo folclórico europeu sobre o canibalismo, como uma lenda que se enriquece com contribuições dos marujos que definem as expectativas dos colonizadores a respeito dos nativos, porém sem negar que o consumo de carne humana tenha existido, sendo esse consumo de carne humana ligado a práticas sacrificiais. Sendo assim para Obeseyekere o Canibalismo está ligado a uma fantasia europeia, as vezes caracterizado pela necessidade de consumo e as vezes pela fome insaciável associada aos vampiros de fábulas,