Assistencia intensiva ao paciente com insuficiencia renal
A insuficiência renal aguda pode ser definida como perda da função renal, de maneira súbita, e potencialmente reversível independentemente da etiologia ou mecanismos, provocando acúmulo de substâncias nitrogenadas (uréia e creatinina), acompanhada ou não da diminuição da diurese.
1. EPIDEMIOLOGIA
A insuficiência renal aguda (IRA), geralmente, é considerada como uma doença do paciente hospitalizado. A incidência pode variar entre 2 a 5%(1,2,3). Em um estudo prospectivo, com incidência de 5%(2), onde foram avaliadas duas mil, duzentas e dezesseis (2216) internações, 79% dos episódios se correlacionaram com hipovolemia, pós-cirurgia, administração de contrastes para RX e aminoglicosídeos. Os autores responsabilizaram fatores iatrogênicos como responsáveis em 55% dos casos. Em outro relato, foram analisados os fatores de risco para o aparecimento de IRA dentro do hospital(4). Nesse trabalho, foram avaliadas uma mil e oitocentas e dezenove (1819) internações, com incidência de 2% de IRA a qual estava associada mais freqüentemente com os seguintes fatores: choque séptico, hipovolemia, aminoglicosídeos, insuficiência cardíaca e uso de contrastes para RX. Além disso, outros fatores de risco são importantes no desenvolvimento da IRA como: idade avançada, doença hepática, nefropatia pré-existente e diabetes.
As Unidades de Terapia Intensiva têm uma incidência elevada de IRA, podendo, em alguns casos, chegar a 23%(5), mas, em geral, têm incidência similar à do hospital como um todo(6). A mortalidade é alta, especialmente nos casos em que há necessidade de diálise, com índices que variam de 37% a 88%(6). A despeito do avanço de novas técnicas de terapia intensiva e de métodos dialíticos contínuos, a mortalidade permanece alta(7). As evidências, até o presente momento, mostram que a sobrevivência ou morte dos pacientes em Unidades de Terapia Intensiva dependem mais dos fatores relacionados ao paciente do que