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O SENSO COMUM E A CIÊNCIA
O que as pessoas comuns pensam quando as palavras "ciência" ou "cientista" são mencionadas?
Faça você mesmo um exercício. Feche os olhos e veja que imagens vêm à sua mente. As imagens mais comuns são as seguintes:
O gênio louco, que inventa coisas fantásticas;
O tipo excêntrico, ex-cêntrico, fora do centro, manso, distraído;
O indivíduo que pensa o tempo todo sobre fórmulas incompreensíveis;
Alguém que fala com autoridade, a quem os outros devem ouvir e... obedecer.
Veja as imagens da ciência e do cientista que aparecem na televisão. Os agentes de propaganda não são bobos. Se usam tais imagens é porque sabem que elas são eficientes para desencadear decisões e comportamentos. É o que foi dito antes: cientista tem autoridade, sabe sobre o que está falando e os outros devem ouvi-lo e obedecer-lhe. Daí que imagem de ciência e cientista pode ser e é usada para ajudar a vender cigarro. Veja, por exemplo, os novos tipos de cigarro, produzidos cientificamente. E os laboratórios, microscópios e cientistas de aventais imaculadamente brancos enchem os olhos e a cabeça dos telespectadores. E há cientistas que anunciam pasta de dente, remédios para caspa, para varizes, e assim por diante.
O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque induz o comportamento e inibe o pensamento. Esse é um dos resultados engraçados (e trágicos) da ciência. Se existe uma classe especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam. Quando o médico lhe dá uma receita você faz perguntas? Sabe como os medicamentos funcionam? Será que você se pergunta se o médico sabe como funcionam? Ele manda, a gente compra e toma. Não pensamos. Obedecemos.
Não precisamos pensar, porque acreditamos que há indivíduos especializados e competentes em pensar. Pagamos para que pensem por nós. Afinal de contas, para que serve nossa