Asma ocupacional
Artigo Especial: IMUNOLOGIA CLÍNICA
ASMA OCUPACIONAL
OCCUPATIONAL ASTHMA
Willy Sarti
Coordenador da Divisão de Imunologia Clínica do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. CORRESPONDÊNCIA: Willy Sarti – Departamento de Clínica Médica – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Campus Universitário – CEP: 14048-900 – Ribeirão Preto, SP.
SARTI W.
Asma ocupacional. Medicina, Ribeirão Preto, 30: 383-391, jul./set. 1997.
RESUMO: Nesta revisão da asma causada por estímulos próprios do ambiente de trabalho –asma ocupacional – são discutidas sua conceituação, classificação, agentes desencadeantes, fisiopatologia, critérios diagnósticos e diagnóstico diferencial, princípios de tratamento e prognóstico. É também apresentado um caso clínico ilustrativo, relacionado à exposição ambiental em indústria de calçados. UNITERMOS:
Asma. Exposição Ambiental. Doenças Ocupacionais.
1. INTRODUÇÃO
A primeira descrição de asma ocupacional foi feita em 1700, em Pádova, na Itália, por Bernardino Ramazzini. Em seu trabalho “De Morbis Artificum”, a doença dos artesãos, descreve os sintomas de tosse e dispnéia, que acometem os padeiros, moleiros e trabalhadores em armazéns de cereais. Ramazzini supunha que a causa da obstrução brônquica era devida à formação de uma cola ou pasta, pela deposição de farinha nas vias aéreas. Discutiu a possibilidade de prevenção e confessava que desconhecia qualquer tratamento eficaz para impedir os malefícios e as perigosas conseqüências do pó de farinha na saúde humana1. Entretanto, a asma dos padeiros tem sido referida desde a Antigüidade, pois foi documentado que escravos romanos, padeiros e moleiros, tinham que usar máscara e luvas, quando em contacto com a farinha1. Desde Ramazzini, vários autores estudaram a asma relacionada à profissão de padeiro, sendo, desde então, conhecida como