As viagens de marco polo
Biblioteca Fruto Real
I
RUMO À AVENTURA
Se alguma vez visitardes Veneza, percorrendo os passeios das suas ruas, perto do Teatro Malibran, encontrareis um palácio que diz:
«Residência do Milione».
Falar da Casa do Milhão e do Senhor dos Milhões equivalia, em
Veneza, a falar dum homem maravilhoso e legendário cujo nome foi
Marco Polo.
Retrocedamos setecentos anos e procuremos imaginar o mundo de então. O Mediterrâneo era como um grande lago que abraçava os países civilizados. No centro deste mar, Roma, a cidade dos Papas, estabelecia o seu predomínio espiritual. Na Península Ibérica, os reis lutavam contra os maometanos; era o tempo da Reconquista. No resto do mundo cristão, reis, barões, condes e duques mantinham pequenas guerras e a Europa estava dividida em inúmeros feudos.
A América esperava ainda as caravelas de Colombo e a terra africana, mais ao sul de Marrocos e do Egipto, ainda não fora desbravada pelos portugueses.
Existia a Ásia cheia de lendas e de mistérios. Da Ásia tinham saído os discípulos de Maomet para se estenderem pela Península
Ibérica e Ásia Menor.
Acabadas as cruzadas, podia-se traficar com os povos da Ásia e de todo o Mediterrâneo. Os melhores comerciantes eram os italianos, e entre eles, os mais ricos, aqueles que ancoravam os seus navios nas águas de Veneza.
E a família dos Polo era das mais ricas e consideradas entre os negociantes que por mar levavam o pavilhão de Veneza a um e outro lado do Mediterrâneo.
Por isso, quando a família Polo empreendeu a maior viagem por terra que jamais algum homem realizara até então, a sua fama elevoua acima dos homens até ao lugar em que habitam os semideuses e os heróis. Estamos em Veneza no ano de 1253.
*
A família Polo — já o dissemos — era imensamente rica. Não só possuía inúmeros barcos mercantes, mas também tinha os seus próprios navios de guerra e o dono de tudo era Andrea Polo, o qual tinha dois filhos: Nicolau e Maffeu.
Nicolau