As três fontes latinas da arte clássica da memória

RESENHA DO TEXTO: As Três Fontes Latinas da Arte Clássica da Memória, de Frances Yates

A princípio a autora nos apresenta as três principais fontes latinas que dispõem sobre a arte clássica da mnemônica, o Ad C. Herenium, o De oratore de Cícero e o Institutio oratória de Quintiliano. É explicitada então a ligação da arte clássica da memória como parte pertencente a outra faculdade, a retórica, “como uma técnica que permitia ao orador aprimorar sua memória, o que o capacitava a tecer longos discursos de cor, com uma precisão impecável.” (pg. 18)
A mnemônica parece então se apresentar como a arte-exercício da memória. Partindo dos princípios básicos de lugar, imagem e ordem, a autora expõe disposições das “três fontes”, que nos orientarão a dar seguimento à referida arte, como exemplo têm-se o “método arquitetônico”. Aponta-se então para a reflexão de que o sentido da visão é o maior de todos os sentidos daí sua preponderância na arte da memória. “As fontes clássicas parecem descrever técnicas que dependem de impressões visuais de uma intensidade inacreditável.” (pg. 20)
Contrastando com a presença e valorização da memória, a autora apresenta a quase ausência da mesma em nossa sociedade, e faz pensar que a denominação “mnemotécnica” para a arte clássica da memória pode velar o caráter misterioso e simplificar sua imagem. Yates demonstra paixão pela referida arte.
As regras do Ad C. Herenium –obra principal, e única em abrangência e complexidade- evocam a visão de um hábito social esquecido, nessa mesma obra se tem a memória como parte essencial do conhecimento do orador. As regras então se apresentam de modo a aperfeiçoar e tornar proficiente a arte-exercício da memória. Também se dispõe sobre a mnemônica para a memória rerum e para a memória verborum, bem como suas implicações de prática e utilidade. Para afirmar uma idéia presente no texto faz-se pertinente a dedução de Cícero em De oratore, de que a memória-mnemônica para coisas (rerum), é suficiente e