As relações naturais

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As relações naturais
E S C R I TA E M 1 4 D E M A I O D E 1 8 6 6 P O R Q O R P O S A N T O
E N C E N A DA P E L A P R I M E I RA V E Z E M 2 6 D E AG O S T O D E 1 9 6 6 N O C LU B E C U LT U RA L D E
P O RT O A L E G R E
E D I TA DA E M 1 9 6 9 P E L A U N I V E R S I DA D E F E D E RA L D O R I O G RA N D E D O S U L ,
PA S S A N D O A C I RC U L A R P O R O U T RA S U N I V E R S I DA D E S

Ato primeiro – Cena Primeira
IMPERTINENTE - [...] São hoje 14 de maio de 1866. Vivo na cidade de Porto Alegre, capital da
Província de S. Pedro do Sul; e para muitos, - Império do Brasil... Já se vê pois que é isto uma verdadeira comédia! (Atirando com a pena, grita:) Leve o diabo esta vida de escritor! É melhor ser comediante! Estou só a escrever, a escrever; e sem nada ler; sem nada ver (muito zangado).
Podendo estar em casa de alguma bela gozando, estou aqui me incomodando! Levem-me trinta milhões de diabos para o Céu da pureza, se eu pegar mais em pena antes de ter... Sim! Sim!
Antes de ter numerosas moças com quem passe agradavelmente as horas que eu quiser. (Mais brabo ainda.) Irra! Irra! Com todos os diabos! Vivo qual burro de carga a trabalhar! A trabalhar!
Sempre a me incomodar! E sem nada gozar!

Cena Segunda
IMPERTINENTE - Ora, ora, Sra. Não vê que eu já estou aborrecido das mulheres! (À parte:) É preciso dizer-lhe o contrário do que penso! Como a sra. se abalança ainda a falar em damas na minha presença!? Só se são damas de folgar... São?
CONSOLADORA - (mostrando-se indignada, e batendo um pé no assoalho) Bárbaro! Cruel! Não vives a pedir uma mulher jovem, formosa, asseada e bela para tua companhia?! Pensas que ignoro o que pensas; o que fazes!? Não vês; não sabes; não conheces que sou mágica!?
Atrevido! Não te lembras que ainda ontem ou anteontem olhaste para mim, e achaste que eu era no Céu o mais lindo, o mais belo e mais agradável planeta que lá habitava? Não me pediste que eu guiasse teus passos; tuas ações; tuas palavras, Audaz! Pensas que eu não sei que

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