As raízes históricas do conto maravilhoso.
I - Afastamento
As primeiras palavras do conto introduzem o leitor a uma atmosfera caracterizada pela tranquilidade épica. “Em certo reino, em um certo Estado....”, mas trata-se de uma impressão ilusória para que acontecimentos extremamente tensos e vibrantes aconteçam.
O conto apresenta uma família que geralmente vive feliz e tranquila, e que poderia continuar assim por muito tempo se não ocorressem episódios súbitos, de forma inesperada, que degeneram em catástrofe. Às vezes tais acontecimentos têm início quando um adulto se afasta. “O príncipe teve de partir para uma terra distante, deixando sua mulher em mãos estranhas” (Af.148/265). Os filhos ou a mulher ficam sozinhos, sem defesa. O terreno propício para a irrupção da desgraça é criado. A mesma situação pode surgir com o afastamento das crianças e não dos adultos.
II – As proibições relacionadas com o afastamento
“O pai (ou marido) que se ausenta ou que deixa o filho sair cerca de proibições tal afastamento. Obviamente elas são infringidas provocando, às vezes como a rapidez de um raio, uma horrível desgraça [...]” (p.30) “Filhinha, filhinha “ Sê sensata, protege teu irmãozinho, não saias de casa!” (Af. 64/113).
A catástrofe desperta o interesse, e os acontecimentos começam a desencadear-se.
Quando o pai recomenda para a filha “não saias de casa!”, não se trata de uma simples precaução, mas de um temor mais profundo. O medo é tão grande que, nos contos, os pais além de proibirem que os filhos saiam também chegam a trancá-los.
Nesse caso o conto conservou a lembrança das medidas que eram tomadas com relação aos filhos dos czares, e conservou-a de forma surpreendentemente exata e completa.
III – A reclusão dos reis em Frazer
“Em o ramo de ouro, Frazer mostra o complicado sistema de tabus que outrora cercava os reis, os chefes religiosos e seus filhos. Cada um de seus movimentos era regulamentado por um