as pessoas sem instrução falam tudo errado
O preconceito linguístico é uma avaliação depreciativa de especificas variedades da língua muito presente na sociedade atual, onde qualquer tipo de fala que não esteja dentro do português padrão é vista como inadequada.
Há muitas pessoas que não usam a linguagem considerada “padrão”, e por isso são consideradas “ignorantes”, muitas vezes por que não têm acesso a educação culta ensinada na escola, e assim sofrem preconceitos, e seu modo de falar é considerado “pobre”. Muitos tem mais dificuldade em se adequar a norma padrão pois a “não padrão” foi aprendida naturalmente, e por isso há uma diferença no modo de pronunciar os sons da língua. No livro “A Língua de Eulália”, o autor Marcos Bagno também mostra esse tipo de preconceito, expondo que determinados tipos de variedades lingüísticas não são “errados”, mas sim apenas modos diferentes de falar a mesma língua.
Grande parte das pessoas que possuem uma fala um tanto “fora” desse padrão são de grupos de menor prestígio social, o que justifica o menor acesso a educação e, naturalmente, impede que esse grupo domine a norma culta. Um exemplo bastante comum que exemplifica isso e é citado por Marcos Bagno no livro “Preconceito Linguístico” (p.45), é a transformação de L em R, como em “Craudia, chicrete, praca, broco, pranta...” por algumas pessoas. Porém uma análise mais detalhada desse processo mostra que essa “troca” não passa de um fenômeno fonético que aconteceu, e que inclusive contribuiu para formação do português de hoje, segundo Marcos.
Palavras como “prega”, “praga”, “obrigar”, “grude”, “fraco”, “cravo”, “dobro”, por exemplo, vieram do latim “plica”, “plaga”, “obligare”, “glúten”, “flaccu”, “clavu” e “duplu”, respectivamente. Com o tempo, simplesmente tiveram o L substituído por R. Esse tipo de fenômeno é denominado rotacismo, e ele não é um erro, na verdade é algo que aconteceu naturalmente no progresso das línguas românicas, porém, a ocorrência dessa troca em algumas palavras hoje