As narrativas e o narrador aspectos teóricos e culturais.
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BENJAMIN, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política. Obras Escolhidas: v. 1, 4. ed., São Paulo, Brasiliense, 1985b, 197-221.
As narrativas e o narrador: aspectos teóricos e culturais.
Desde sempre as histórias são narradas. O vago comentário, que não marca o tempo, remete-nos a um passado épico, no qual a narrativa era construída através de fatos presenciados ou vividos por alguém que tinha o domínio da narrativa. Aos poucos a autoridade em narrar vai perdendo espaço, como observa Walter Benjamin, em “O narrador: considerações sobre a obra de Nicolai Leskov”, texto da segunda metade do século XIX. Benjamin aponta alguns elementos para justificar essa extinção: a guerra, o surgimento do romance e o surgimento da informação impressa são alguns deles.
A guerra teria feito com que os ex-combatentes perdessem a capacidade de narrar. Tal afirmação carrega sua culpa; se o homem narra fatos internalizados de sua própria existência, narra o que vê, o que viveu, suas imaginações, sonhos e desejos. Que alegrias teriam para narrar tais homens recém chegados da guerra vítimas do isolamento? Segundo Benjamin, contar histórias é uma arte e contá-las repetidas vezes contribui para que sejam conservadas. Esses homens, ex-combatentes, perderam a capacidade de contar suas experiências.
Benjamin traça também um paralelo comparativo acerca do que seria o romance e a narrativa. O romance, com suas características particulares, apresentado de forma física através dos livros impressos e produzido de forma solitária, descreve a vida humana de forma desmedida e exacerbada, sem rumo. Para quem vive o romance, ele parece sem essência, com memória eternizada pelo romancista, que escreve o sentido da vida. Para contrastar o romance surge a narrativa como tradição apresentada de forma oral e composta por meio das experiências do narrador ou de outras