1 A LITERATURA INFANTIL E OS HORIZONTES DE LEITURA
1.1 A literatura na perspectiva do leitor
A estética da recepção é a teoria da literatura formulada por Hans Robert Jauss e seus colegas da Escola de Constança, no final da década de 60, desenvolvida a partir do trabalho A história da literatura como provocação à teoria da literatura,1 que retoma a problemática da história da literatura. Jauss traz de volta a discussão por não compartilhar com a orientação da escola idealista ou da escola positivista para a construção de uma história literária, uma vez que ambas não realizam seus estudos embasados na convergência entre o aspecto histórico e o estético, criando, assim, um vazio entre a literatura e a história. A inexistência desse nexo resulta, portanto, em pesquisas que se preocupam apenas com as obras e seus autores, deixando à margem o terceiro elemento do circuito literário, os leitores.
Em vista disso, o teórico contrapõe-se às correntes teóricas marxista e formalista, tais como, a crítica sociológica, o new criticism, o formalismo russo e o estruturalismo. A crítica à teoria literária marxista reside no fato de ela entender como sendo seu papel apresentar a literatura apenas como reflexo dos fenômenos sociais, o que implica emitir um juízo de valor de uma obra literária pautado somente na sua capacidade de representação da estrutura social, impossibilitando, a partir desse juízo, a definição de categorias estéticas.
No que se refere à teoria literária formalista, a crítica funda-se na concepção da obra literária como um todo autônomo e auto-suficiente, com seus elementos organicamente relacionados, independente de dados históricos ou biográficos do autor, atribuindo a verdadeira significação a sua organização interna sem necessitar da referência a uma situação externa. Desse modo: o processo de percepção da arte surge como um fim em si mesmo, tendo a perceptibilidade da forma como seu marco distintivo e o desvelamento do procedimento