As mulheres de alencar
Logo em seu romance de estréia, Cinco Minutos (1856), e em A Viuvinha, de 1860, ele trata dos costumes urbanos e já esboça os traços femininos predominantes de sua obra com um propósito educativo. Para alguns críticos, esses livros possuem um lirismo suave. Mas para outros, como frei Pedro Sinzig (1876-1952), em seu “guia para as consciências”, Através dos romances (1915), manual de leitura de ficção, o primeiro é “bastante exaltado”, com “descrições de paixões um tanto vivas e voluptuosas”, e o segundo tem “algumas descrições muito ousadas”. Portanto, desaconselhava tais leituras.
Em Cinco minutos, Alencar oferece ao público leitor a história de Carlota, uma mulher misteriosa e singular. Incógnita, com o rosto escondido por um véu, seduziu num ônibus, à noite, um moço que não a conhecia, mantendo com ele um “contato voluptuoso”, com apertos e beijos, nas mãos e nos ombros. Fascinado com tais delícias sensuais, transgressoras das convenções sociais impostas à mulher, ele descobriu que a dama audaz tinha uma moléstia fatal, sem esperanças de salvação, o que a levava a agir de maneira desusada. Vencida a doença, tiveram uma vida conjugal feliz, incomum nos casamentos da época.
Já em A Viuvinha, a personagem Carolina é a imagem de uma mulher romântica, virgem e inocente, que fora criada nos ideais católicos. Com a força do amor ela regenera Jorge, um homem que tinha os ideais corrompidos, e que, ao ser reabilitado, transformou-se em ideal masculino.
Como dramaturgo, Alencar viu-se envolvido, em 1858, num escândalo provocado por sua proposta de “reproduzir a sociedade” da época, com seus desvios morais, por meio do retrato realista de uma mulher prostituída. Em