As dificuldades da Leitura
A leitura é, muitas vezes, vista de forma idealizada ou distanciada da realidade das pessoas. Há muito de senso comum pairando sobre a cabeça das gentes. Uma das principais estudiosas em educação do Brasil, Magda Soares, afirma que a leitura é um processo amplo e por isso mesmo complexo: “ler estende-se desde a habilidade de simplesmente traduzir em sons sílabas isoladas, até habilidades de pensamento cognitivo e metacognitivo; inclui, entre outras habilidades: a habilidade de decodificar símbolos escritos; a habilidade de captar o sentido de um texto escrito; a capacidade de interpretar sequências de ideias ou acontecimentos, analogias, comparações, linguagem figurada, relações complexas, anáfora; e ainda habilidades de fazer predições iniciais sobre o significado do texto, de construir o significado combinando conhecimentos prévios com as informações do texto, de controlar a compreensão e modificar as predições iniciais, quando necessário, de refletir sobre a importância do que foi lido, tirando conclusões e fazendo avaliações.” Assim, ler vai de algo mais simples como saber o velho beabá até a complexidade de se fazer inferências, perceber os subterfúgios e subterrâneos da linguagem. Ler, sem dúvida, demanda esforço, pois normalmente o sentido não se dá em primeira mão, ainda mais em tempos de propaganda, de manipulação contínua dos discursos, tempos em que os produtos da cultura de massa se fazem cada vez mais uniformes e pouco exigentes com o consumidor. Claro, a leitura aqui não envolve apenas o texto escrito, mas também o falado, o cantado, o desenhado, ou seja, o texto como algo que comunique, que faça sentido, lembrando que esse fazer sentido depende do leitor, pois como vimos na citação acima, ler é um aprofundamento permanente, não apenas de compreensão do texto em si, mas esse contínuo combinar conhecimentos prévios com aquele novo conhecimento que o texto está dando. Quanto mais conhecimento prévio o leitor tem,