As Desigualdades de Rousseau
Maicol Martins de López Coelho
26.01.2009
Para atender ao chamado da Academia de Dijon, o filosófofo francês Jean-Jacques Rousseau publicou, em 1755, o seu Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Com a intenção de responder à questão colocada pela Academia, “qual é a origem da desigualdade entre os homens, e se é ela autorizada pela lei natural”, Rousseau elaborou um pensamento permeado por minúcias e cuidados. Ao relatar a história hipotética, imaginária a respeito do surgimento dessa desigualdade, o filósofo não apenas explicita o seu princípio como vai além: ao longo do Discurso Rousseau apresenta também a gênese, ligada ao surgimento da diferença não-natural entre os homens, da história e da sociedade. O trabalho argumentativo de Rousseau tem início com a concepção de dois tipos de desigualdade. A primeira, a desigualdade natural ou física, é estabelecida pela natureza e consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito e da alma, conforme expõe Rousseau. Já a segunda forma de desigualdade, a desigualdade moral ou política, depende de uma espécie de convenção e é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Instituída desta maneira, a desigualdade moral ou política “consiste nos vários privilégios de que gozam alguns em prejuízo de outros, como o serem mais ricos, mais poderosos e homenageados do que estes, ou ainda por fazerem-se obedecer por eles” [1]. É da desigualdade moral e política que Rousseau se ocupa ao longo do Discurso, e isso porque, para ele, é desnecessário se ocupar da fonte da desigualdade natural, visto que a resposta está na própria definição dessa desigualdade: é natural, e o que provém da natureza está, por isso mesmo, justificado. Portanto, é a desigualdade moral e política que merece ser objeto de investigação, e assim Rousseau exclui de antemão o segundo trecho da questão proposta pela Academia