As desigualdades segundo rousseau
As Desigualdades segundo Rousseau
As desigualdades segundo Rousseau
O trabalho argumentativo de Rousseau tem início com a concepção de dois tipos de desigualdade. A primeira, a desigualdade natural ou física, é estabelecida pela natureza e consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito e da alma, conforme expõe Rousseau. Já a segunda forma de desigualdade, a desigualdade moral ou política, depende de uma espécie de convenção e é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Instituída desta maneira, a desigualdade moral ou política “consiste nos vários privilégios de que gozam alguns em prejuízo de outros, como o serem mais ricos, mais poderosos e homenageados do que estes, ou ainda por fazerem-se obedecer por eles”.
É da desigualdade moral e política que Rousseau se ocupa ao longo do Discurso, e isso porque, para ele, é desnecessário se ocupar da fonte da desigualdade natural, visto que a resposta está na própria definição dessa desigualdade: é natural, e o que provém da natureza está, por isso mesmo, justificado. Portanto, é a desigualdade moral e política que merece ser objeto de investigação, e assim Rousseau exclui de antemão o segundo trecho da questão proposta pela Academia de Dijon: “é ela autorizada pela lei natural?”. Não, não é; cabe agora partir em busca de sua origem.
Essa origem não pode ser encontrada tendo como ponto de partida o momento de atual da humanidade. Rousseau defende, ainda nas primeiras palavras do Discurso, a necessidade de voltar ao estado de natureza para então se estudar os fundamentos da sociedade, mas não a partir dos conceitos conhecidos pela civilização. Para fazê-lo, deve-se “ir até a essência do homem para julgar a sua condição atual e, nesse sentido, estado de natureza é o estado da humanidade anterior à sociedade, primitiva e originária - e há que se fazê-lo sem atribuir, ao homem primitivo, atributos do homem