As convulsões europeias e os seus efeitos na América hispânica entre 1795 e 1815
Neste estudo, Remy Herrera procura identificar alguns dos efeitos produzidos no “Novo Mundo” pelas convulsões maiores que, entre os anos de 1795 e 1815, transformaram o velho Continente — de que Inglaterra tomaria a liderança, e com ela a hegemonia sobre o sistema mundial capitalista, à saída do período; e também algumas influências externas marcantes que interagiram sobre as reviravoltas de alianças estratégicas operadas à escala mundial nesse momento.
São elementos que ajudam a observar os antecedentes históricos dos atuais processos em curso na América Latina.
Este trabalho, que não é de um historiador nem pretende sê-lo, coloca em debate uma série de reflexões, ainda bastante iniciais, sobre os elos entre os acontecimentos que tiveram lugar de
1795 a 1815, simultaneamente na Europa e no imenso espaço que era então a América latina colonial. Se, no fim do período em estudo, (1815) puderem ser observadas, por todo o lado dentro deste conjunto, múltiplas tentativas de emancipação, mais ou menos resolvidas e organizadas, só uma parte do cone Sul, no Rio da Prata (Argentina e Paraguai), sem o Uruguai nem o Chile) definitivamente e temporariamente, várias regiões de Nova-Granada (na Colômbia actual) e Venezuela conseguiram desenvencilhar-se do jogo espanhol. Nos outros, os levantamentos foram esmagados em sangue quando eram vigorosos e em massa (mas indígenas, como na Nova Espanha da primeira metade dos anos 1810, o futuro México, na época, o território mais populoso do continente); neutralizados quando as elites locais preferiram assentar o seu poder sob a própria forma colonial política (como por exemplo, em
Cuba); ou isolados, onde a Espanha concentrava as suas forças militares (principalmente no vice-reinado do Peru, até ao altiplano boliviano actual). O Brasil, recebendo a Sereníssima Casa de Bragança afastada de Lisboa pelas tropas de Junot, mas salva