As cidades da falta
Ronaldo Pazini Marangoni
1. Introdução:
A sociedade passa por um período de transformação que se caracteriza pela rapidez no desenvolvimento tecnológico e pela globalização da economia. A intensa competição entre empresas e a crescente substituição do homem pela máquina tem gerado profundas transformações no ambiente de trabalho. O desemprego estrutural (Rifkin, 1995); a acumulação flexível (Harvey, 1993); as transformações da esfera produtiva (Antunes, 1995); a mundialização do capital (Chesnais, 1996) promoveram profundas transformações no mundo e nas relações do homem com o trabalho. Ianni (1999 p.129-130) enfatiza que os processos de mudança impostos pela globalização não ficam restritos a esfera econômica, mas afetam profundamente as esferas sociais e do trabalho, ignorando fronteiras e realidades locais. Este movimento impõe aos indivíduos uma nova forma de compreender o mundo em seus aspectos mais amplos, reconfigurando as concepções de “indivíduo, classes, coletividades, nações, nacionalidades, movimentos sociais e partidos políticos...”. A influência do processo de globalização pode ser observada no mundo do trabalho apesar das diferenças impostas pelas questões históricas e geográficas onde este se desenvolve, construindo novas formas e significados do trabalho.
“A rigor, a globalização envolve todo um rearranjo interno e externo da classe operária, em âmbito nacional, regional e mundial. Modificam-se os seus padrões de sociabilidade, vida cultural, consciência, simultaneamente às condições de organização, mobilização e reivindicações. Os padrões de trabalho, organização e consciência que haviam produzido e sedimentado no âmbito da sociedade nacional são reelaborados, já que a nova divisão transnacional do trabalho e da produção, na fábrica, estabelece outros horizontes e limites de sociabilidade, organização e consciência”