As barbas do Imperador
Neste livro, Lilia Moritz Schwarcz nos retrata a monarquia brasileira, especificamente o Segundo Reinado, através da trajetória de vida do Imperador D. Pedro II. Ao mesmo tempo em que o monarca se preocupava em manter as tradições e o mito monárquico – com palácios, rituais e medalhas – ele era um homem letrado e um viajante interessado no progresso. Vestindo sua murça de penas de tucano, tropicalizava a monarquia, criando uma identidade própria para um regime importado. Imperador aos catorze anos, D. Pedro II ocupou o trono por quase 50 anos e tornou-se o símbolo do Brasil Imperial, onde se misturavam os ritos da monarquia com a busca por uma identidade nacional.
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Este estudo da pesquisadora Lilia Moritz Schwarcz tem como cenário o Segundo Reinado, época de D. Pedro II, monarca cuja figura já nos é tão conhecida por meio de inúmeras biografias, porém aqui o que se busca são os caminhos de construção do mito de Estado que se formou, seja em esfera oficial na figura do “rei que já era rei antes de nascer”, do “monarca tropical” ou do sábio imperador erudito portador de longas barbas que deveriam realçar sua maturidade e sabedoria mesmo na juventude, como também no imaginário popular, onde D. Pedro II era uma espécie de catalizador de desejos populares que se refletiam nas inúmeras festas do império, oficiais ou não, onde o monarca era sempre figura destacada, fosse ele o personagem principal ou mais um rei entre tantos outros que habitavam o imaginário dos extratos populares naquele período.
Mesmo a representação mais oficial de “monarca tropical”, “Luís XIV dos trópicos”, também é permeada por um repertório muito próprio de símbolos, que a autora tenta desvendar, analisando temas a princípio díspares, como a ritualística calcada na mais profunda tradição européia (porém sempre vinculada ao elemento tropical); a associação de fundo romântico com o índio para