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A MORTE DE IVAN ILITCH
TÓLSTOI, L. A morte de Ivan Ilitch. São Paulo: Editora 34, 2006, 92 páginas.
Por Tássila Carneiro A morte de Ivan Ilitch, de Lev Tolstói (1828-1910), se inicia com o anúncio da morte do personagem principal, Ivan Ilitch. O mesmo era respeitado e estimado entre seus colegas, ainda assim, lamentação e a tristeza pela morte do colega que se fora dá lugar a interesses próprios, como a “possibilidade própria ou dos amigos nas promoções e transferências que ela iria provocar”. Coloca-se o respeito e a compaixão pela morte de lado, além de revelar a maneira como a morte é tratada: quanto mais longe da própria realidade, melhor; consideram-se sortudos por terem “escapado”, ignorando o fato de que a morte é um processo fisiológico.
A visita de um dos colegas mais próximos de Ivan Ilitch, Piotr Ivanovitch, o mesmo que lera o anúncio do obituário, ao funeral do amigo. Nessa visita, além dos comentários sobre o aspecto e o semblante comum aos mortos, o encontro com Schwaz, outro colega do falecido, revela que o último estava ali cumprindo uma convenção social e não por consideração à Ivan Ilitch. Na conversa com a viúva Praskóvia Fiódorovna, ela revela, de maneira dramática e teatral, as tormentas vividas pelo casal e pela família, se “autovitimizando” para depois dar prosseguimento aos assuntos práticos que lhe interessavam, como funeral e herança, com os quais Piotr Ivanovitch prometeu ajudar a viúva. Nesse momento, Tólstoi faz uma crítica a Piotr, que se torna solícito a ajudar a viúva no que lhe cabe, como se estivesse pagando alguma dívida ao amigo, depois que esse se fora. Nessa conversa, que a viúva deixa transparecer que estava por dentro dos mínimos detalhes relacionados à herança, revelando então a sua avareza: “Sabia precisamente quando iria receber de pensão, sabia, mas o que pretendia arrancar dele era um jeito de conseguir mais.”. A vida de Ivan Ilitch começa então a ser narrada: filho de um funcionário público