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A VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES: DEMANDAS ESPONTÂNEAS E
BUSCA ATIVA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Lilia B. Schraiber*
Ana Flávia P. L. d'Oliveira*
Ivan França Junior**
Silvia S. Strake*
Elaine A. de Oliveira*
RESUMO: Acolher demandas e assistir mulheres que sofrem violência é parte dos direitos em saúde, embora a assistência não esteja estruturada e ocorra pouca detecção de casos. Buscou-se um diagnóstico de situação em serviços, avaliando-se a emergência de demandas referidas à violência por parte das usuárias de uma unidade básica da rede pública, contrastando-se a demanda espontânea com a busca ativa de casos. Realizou-se um primeiro estudo por técnicas de observação participante, seguida de estudo de prontuário, com 142 mulheres sendo acompanhadas; num segundo estudo, em uma amostra de 322 usuárias, aplicou-se entrevista. Em atividades grupais observou-se relatos espontâneos e nos prontuários médicos registros de demandas espontâneas; o mesmo não ocorreu em consultas individuais. A entrevista detectou uma prevalência de casos muito maior. Então, a possibilidade de detecção de casos, seu acolhimento e algumas respostas do serviço, requer especificidade de abordagem e cuidados próprios para que a violência contra mulheres possa emergir como parte da demanda usual na saúde.
PALAVRAS-CHAVE: saúde da mulher, direitos em saúde, violência, demanda espontânea, busca ativa
* Depto de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Av. Dr. Arnaldo, 455 - 2o andar
CEP 01246-903 São Paulo/SP. e-mail: liliabli@usp.br.
** Departamento de Saúde Materno Infantil da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Av. Dr. Arnaldo,
715 CEP 01246-904 São Paulo/SP.
Há uma alta prevalência de violência contra mulheres e de conseqüências para a saúde, conforme a literatura. Heise (1994) aponta índices que variam de 25 a 30% de mulheres acima de 15 anos que na vida adulta experimentaram pelo menos 1 episódio