Artigo sobre A CRISE DA RAZÃO
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE:
1. INTRODUÇÃO
"Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se levanta."
O desejo Lusitano de desbravar os mares em busca de riquezas marca o inicio do capitalismo, do mundo moderno. O trecho citado - do poema épico "Os Lusiadas", de Luís de Camões -, consegue sintetizar toda a força de um discurso, toda a pressão ideológica, a ideia que se tinha do homem explorador e daquilo que poderia ser encontrado além mar. Mas o que é que faz com que uma sociedade se interesse em seguir rumo ao infinito, a mares nunca antes navegados, mesmo diante de tamanhas superstições e terrores - sereias, monstros marinhos, maldições...? Poderia o puro interesse econômico da nobreza ou da burguesia, ou mesmo o jogo de poder nas estruturas sociais da época, impregnar uma verdade e originar versos como esses?
A resposta para esse questionamento necessita da observação de um fato constante em toda e qualquer cultura: a consciência da morte. Existe uma ligação intima entre a verdade e a consciência de morte. A origem do sagrado data de períodos pré-históricos, anteriores a escrita, a economia e aos meios de produção. O culto aos ídolos e o nascimento dos mitos, bem como uma ideologia sólida o suficiente para manter um grupo unificado, já estava presente antes das cidades e da política, tal como a conhecemos. Em locais de enterro, ainda mais antigos, como da época dos Neandertais, que começaram a habitar a Europa há aproximadamente 150.000 anos, aparecem ornamentos de concha, implementos de pedra e comida, enterrados junto com o morto, implicando em uma crença que tais itens seriam úteis na passagem da terra dos vivos