Artigo 13 Resumido
O trabalho remunerado, atividade essencial ao engajamento econômico e social, está em crise. O capitalismo trocou lealdade por produtividade imediata. Ninguém mais tem emprego de longo prazo garantido na sua atual empresa. O emprego será cada vez mais voltado para tarefas ou projetos de duração definida. É uma mudança radical em relação ao fim dos anos 1960, quando os indivíduos eram enraizados em sólidas realidades institucionais nas suas corporações. Na época dourada do capitalismo do pós-guerra, vigorava certa “ética social” que domava a luta de classes e garantia de benefícios. A partir dos anos 1980, as corporações e seus investidores ficaram mais preocupados com os lucros em curto prazo e os empregos que começaram a cruzar rapidamente as fronteiras. E, com os avanços da tecnologia de informação, tornou-se mais barato investir em máquinas a pagar pessoas para trabalharem. Richard Sennett, da London School of Economics, entrevistou naquela época operários da classe média das indústrias de alta tecnologia, dos serviços financeiros e dos meios de comunicação. Grande número deles considerava que sua vida estava agora em risco permanente. O novo capital avalia resultados mais pelos preços das ações que pelos dividendos. A esses investidores o que interessa é a capacidade das empresas de serem flexíveis com a sequência de produção podendo ser alterada à vontade e terceirizando tudo sempre que possível. Sennett vê a tendência dos empregos como contratos de três ou seis meses, frequentemente renovados. A consequência já se faz sentir. Numa organização flexível, o poder ocupa uma posição quase virtual; estabelece as tarefas, avalia os resultados e promove a expansão ou o encolhimento da empresa. O objetivo é obter os melhores resultados com a maior rapidez possível. A desigualdade no interior das empresas aumenta; as remunerações são muito altas para os executivos bem-sucedidos e muito baixos para os trabalhadores.