artes
Numa época em que a liberdade de expressão é cerceada, nada mais criativo que expressar desejos e anseios através da música. A Ditadura Militar que o Brasil viveu, entre os anos de 1964 e 1985, fez com que músicas se tornassem hinos e verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de se expressar como desejavam. Através de letras complexas e cheias de metáforas, elas traduziam tudo o que sentiam.
Além disso, os festivais de MPB, promovidos pela TV Excelsior e, posteriormente, pela TV Tupi, auxiliaram na divulgação das canções tornando-as ainda mais populares. Essa lista pretende mostrar as músicas que criticavam o governo militar, contando um pouco da história de cada uma delas e seus significados ocultos, que passaram, muitas vezes, batidos pela censura.Um dos legados mais duradouros da ditadura militar está no meio cultural, mais facilmente perceptível na música. Até o início dos anos 1960, os músicos brasileiros que fizeram história destacaram-se principalmente pela genialidade artística – tomem-se exemplos como Cartola, Dorival Caymmi, Noel Rosa e Pixinguinha. A partir dos anos 1960, uma nova geração de músicos passa a ser avaliada por seu talento e, em igual medida, por suas atitudes e opiniões sobre a sociedade, a política e o Brasil – entram em cena Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Rita Lee e Tom Zé.
Os artistas, principalmente aqueles egressos da classe média instruída, passaram a ser cobrados a respeito de suas visões de mundo. A ditadura contribuiu com essa expectativa. Embora tenha sempre exercido a censura, empenhou-se em construir um delicado balanço. Ao mesmo tempo em que reprimia a atuação de movimentos sociais e a oposição política, tentava dar alguma liberdade a manifestações críticas no campo das artes. “Por mais que seja absurdo ou contraditório, foi um período de