Artes e armas da resistência james scott
Nas últimas duas décadas, provavelmente nenhum pesquisador agitou tanto os estudos do mundo rural em língua inglesa quanto James C. Scott. Da publicação de The Moral Economy of the Peasant: Rebellion and Subsistence in Southeast Asia (A economia moral do camponês: rebelião e subsistência no Sudeste da Ásia) em 1976 e a célebre polêmica com Samuel Popkin (1979) que se seguiu até seu recém lançado (1998) Seeing Like a State: How Certain Schemes to Improve the Human Condition Have Failed (Vendo como um estado: como certos esquemas para melhorar a condição humana fracassaram), Scott sempre provoca discussões acaloradas. Junto com vários artigos, seus dois livros sobre a dominação e a resistência no cotidiano, Weapons of the Weak: Everyday Forms of Peasant Resistance (Armas dos fracos: formas cotidianas da resistência camponesa, 1985) e Domination and the Arts of Resistance: Hidden Transcripts (A dominação e as artes da resistência: transcritos escondidos, 1990), foram especialmente influentes, levando a, para citar somente umas das intervenções mais conhecidas no debate sobre a resistência cotidiana, um número especial da revista Journal of Peasant Studies (vol. 13, n. 2, 1986), a conferência oficial da presidente da Law and Society Association em 1994 (Merry, 1995) e um ensaio crítico de uma das principais antropólogas americanas (Ortner, 1995). Esses debates e as novas pesquisas que inspiram muitas vezes extrapolam os estudos de camponeses e outros grupos rurais, para abarcar, entre outros temas, formas de resistência urbanas, o papel dos movimentos e das outras organizações formais na mudança social, se existe ou não uma “hegemonia” das classes dominantes nas mentes dos subalternos, e os processos simbólicos na dominação e na resistência. Nos anos 90 o Programa em Estudos Agrários que Scott dirige na Universidade Yale, onde é professor de ciência política e de antropologia, é um centro