Artes de fazer à feira
Serra acima está Campina - Grande é a sua feira
Tem gente de toda classe - Da primeira a derradeira
Uns traz fardo na cabeça - No balaio no caçoá
Trouxa, embrulho, saco, cesta - Tudo serve é só pegar
Vem o caminhão roncando – carroceria entupida
De gente que compra, vende – e sofre, mas ama a vida...
No conjunto dos trabalhos sobre as feiras livres no Nordeste, este trabalho busca distinguir-se pelo esforço em tornar manifestas algumas das práticas cotidianas de negociação entre feirantes e fregueses; práticas que revelam formas particulares de sociabilidade e que são constitutivas do espaço (ou dos múltiplos espaços) da “feira”. Sem deixar de considerar o contexto mercadológico (mais aparente) de compra e venda de produtos, optou-se por evidenciar os aspectos simbólicos (gestos, ações e discursos) das interações sociais e das trocas que se desenvolvem no espaço da Feira Central de Campina Grande. Neste sentido, este trabalho busca “negociar uma passagem no lugar mesmo onde termina o mercado e começam as relações pessoais” , onde o consumo é compreendido enquanto uma busca de significados ou de sentidos, posto que, os produtos aqui abordados assumem o caráter de comunicadores, ou emissores de sinais através e pelos quais os sujeitos (negociantes e consumidores), no âmbito da Feira Central, interagem uns com os outros, ampliando o escopo deste trabalho para além dos circuitos de produção e comercialização.
A escolha da Feira Central de Campina Grande como lócus da pesquisa para este trabalho justifica-se, em primeiro lugar, pela amplitude de seu significado histórico, econômico e sócio-cultural, não apenas para o município, mas para toda a região do agreste nordestino. Por outro lado, a feira central configura-se como um mercado permanente e diversificado, já distante das feiras livres tradicionais, marcado pelas inúmeras contradições resultantes do processo de modernização das redes urbanas nordestinas.
A feira, como lugar