Artes da civilização moderna
HISTÓRIA das artes europeias e até não europeias da bacia do Mediterrâneo pode fazer-se desprezando de maneira quase total as artes do Extremo-Oriente, cuja influência só se exerceu de maneira esporádica, quase sempre tardia e superficial. Mais suscitaram modas do que propriamente agiram em profundidade. Mas a recíproca não é verdadeira.
Existe um preconceito tenaz, alimentado pelas imposturas da cronologia china, segundo a qual os países orientais, em especial a China, poderiam jactar-se duma civilização e de artes plásticas mais antigas do que as do resto do Mundo. Ora, nas épocas mais brilhantes da arte egípcia, a China nada mais tinha a apresentar do que uma olaria primitiva, que se distingue para o etnólogo, mas não para o artista, dos ensaios informes tentados por muitos outros povos. Quando Fídias esculpia os mármores sublimes do Parténon, a mesma China não passara ainda dos seus vasos de bronze, semdúvida de alta qualidade, mas aos quais um ocidental reconhecerá dificilmente igual valor humano. Não é até impossível que o Extremo-Oriente só haja descoberto o homem, considerado como objecto essencial, sob a inspiração dos ocidentais. Não se pode afirmá-lo com absoluta segurança, mas negá-lo seria em extremo imprudente.
Que seja assim ou não, o certo é que se torna já impossível sustentar a teoria do isolamento das artes do Extremo-Oriente. Só há divergências acerca das modalidades segundo as quais determinadas influências se exerceram.
Atribui-se grande importância à expedição que levou, cerca de 325 a. J. C, Alexandre até à índia. Importância que não é exagerada, se se considerar que se trata não tanto dos resultados duma empresa efémera como das suas consequências longínquas, entre as quais o estabelecimento de pequenos estados gregos ou helenizados até às margens do Indo é de todas a mais essencial. Depois, a glória súbita do prodigioso Macedónio não deve fazer esquecer o lento trabalho dos que foram por ele