Resenha do Documentário Arquitetura da Destruição
O ideal de construir através da pureza um mundo mais harmonioso foi o que levou a sociedade alemã, dos anos 30, ter como principal referência a Arte Clássica. Através da qual, segundo Hitler, seria possível a extinção das degenerações e perturbações que assolavam a Alemanha da década de 30. O documentário Arquitetura da Destruição, do diretor Peter Cohen, é incisivo na tentativa de apresentar-nos a relação construída entre a Alemanha e Arte, e como o Nazismo irá apoderar-se desses valores para dialogar com a sociedade, convencendo a de seus objetivos e atingindo, dessa forma, seus propósitos de hegemonia e padronização.
Segundo Berman, “um grande e sempre crescente número de pessoas vem caminhando através de um Turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia”. Neste cenário altamente dialético que, nos anos 30, será produzido na Alemanha um dos mais expressivos frutos da modernidade, o Holocausto. Que, segundo Bauman, “seria um choque único entre as velhas tensões que a modernidade ignorou, negligenciou ou não conseguiu resolver e os poderosos instrumentos de ação racional e efetiva que o próprio desenvolvimento moderno fez surgir”.
Analisar o Holocausto como um acontecimento histórico que, no passado, restringiu se a um grupo definido; é o mesmo que deixar que passem-se desapercebidos fatores fundamentais para compreender a dinâmica na qual nasceu o Holocausto. Como a forma com a qual, até os dias atuais, a Sociedade Contemporânea dialoga com o Holocausto, exprimindo suas incertezas e certezas, suas seguranças e inseguranças, suas contradições, que como disse Marx, “tudo está impregnado do seu contrário”.
O ápice da questão que gira em torno do Holocausto, não é a quantidade de mortos ou a qual etnia se dirigi. A questão é mais complexa, pois dialoga com a própria complexidade da sociedade moderna, em particular a sociedade alemã nos anos 30. É importante nos