arte
Sala: 206
Vivendo arte ”O Conhecimento pela arte”
O conhecimento pela Arte A Arte é uma forma de conhecimento da realidade, assim como a Filosofia e todas as Ciências. Admirar um templo, um quadro; ler um poema, um romance; assistir a um filme ou peça teatral; ouvir uma sinfonia, uma canção: tudo isso importa em captar uma parcela de sentido do mundo, que cada obra de arte tem dentro de si. Alcançar um saber é a finalidade primordial de qualquer atividade humana. O que diferencia a aprendizagem científica da artística é apenas o meio utilizado: enquanto os vários tipos de conhecimento científico (matemático, físico, químico, biológico, etc.) se servem da observação e da comprovação, as várias formas de arte (literatura, pintura, cinema, teatro, etc.) têm como meio de expressão a fantasia. O que irmana todas as artes é o recurso à ficção. Ficcional, cognato de fictício, pode significar inexistente, falso, mentiroso, além de imaginário, fantasioso. A arte seria, portanto, uma bela mentira, tanto que Fernando Pessoa, usando a figura do paradoxo, peculiar de seu estilo, chama o poeta de “fingidor”, no poema Autopsicografia de seu Cancioneiro. Eis a primeira estrofe, que se tornou famosa:
“O poeta e um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Só que o conhecimento artístico é falso apenas no plano histórico ou na realidade física: Capitu, a imortal personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, não é um ser existente no plano da realidade material, porque não nasceu da união carnal de um homem e de uma mulher, mas é apenas fruto da fantasia, da inteligência criadora de seu autor. E por ser uma entidade espiritual, ela se tornou imortal, não estando sujeita às leis do tempo e do espaço. Morreu o autor, mas não sua criatura artística. Mas o fato de não ser real não quer dizer que a personagem de ficção não seja verdadeira. Muito pelo contrário: a figura de