Arte e vídeo
Arlindo Machado
0 vídeo despontou no Brasil, a partir de meados da década de 70, como um dos fenômenos culturais mais importantes e duradouros. Nesse período, o cinema brasileiro de invenção e de intervenção crítica havia começado a entrar em crise, seja devido aos custos progressivamente proibitivos da produção, seja devido ao fechamento implacável das salas de exibição. Cineastas importantes como Andrea Tonacci, Júlio Bressane ou Arthur Omar, começam então a migrar para o vídeo. Ao mesmo tempo, um fenômeno novo que surge com toda a força nesse período é a televisão. Para as gerações que atingiram a maioridade nos anos 80, a televisão, com sua linguagem fragmentária, com seu ritmo veloz e com suas imagens em metamorfose, era o referencial mais notário. Os primeiros grupos que lançaram mão da tecnologia do vídeo para exprimir uma visão do mundo diferenciada tinham como horizonte o universo cultural da televisão e não mais do cinema ou de outras artes mais tradicionais. Ao contrário de outras gerações que consideravam (e por vezes ainda consideram) a televisão marcada por alguma espécie de pecado original e condenada a encarnar a estrutura de poder das sociedades tecnológicas, os jovens realizadores brasileiros de vídeo acreditavam na possibilidade de se construir uma outra modalidade de televisão, mais criativa e mais democrática, e alimentavam a esperança de que a mídia eletrônica, com suas imensas possibilidades de intervenção técnica, poderia vir a dar expressão a uma sensibilidade nova e emergente.
Podemos distinguir três fases na curta história do vídeo, brasileiro. Nos anos 70, o vídeo foi explorado exclusivamente por artistas plásticos que buscavam novos meios e suportes para suas idéias criativas. A exibição se restringia então ao circuito sofisticado dos museus e galerias de arte. Nos 80, surge a geração do vídeo independente, que amplia o alcance do vídeo criativo, atingindo um público mais largo. Eram geralmente jovens