Arquitetura Vernacular
Arquitetura Vernacular
Antonio Castelnou
Introdução
Na História da Arquitetura, a maioria do que se construiu não foi feita por profissionais, mas por pessoas comuns que, guiadas pela TRADIÇÃO
POPULAR, tiveram o mesmo impulso estético que os especialistas que realizaram a arquitetura oficial.
Todos esses ambientes foram projetados e executados de modo que atendessem as decisões e as escolhas humanas à sua maneira específica de fazer as coisas, conforme circunstâncias e recursos disponíveis naquele determinado tempo e espaço.
Essa arquitetura que é exercida por pessoas que constroem sem o fardo da solenidade oficial recebe o nome de ARQUITETURA
VERNACULAR, uma arquitetura sem arquitetos, cujo resultado possui valor, mesmo sem ter sido regida pelos cânones ditos
“civilizados” ou acadêmicos.
Etimologicamente, o termo
VERNÁCULO provém de vernae, que, na Roma antiga, correspondia a tudo que se relacionava aos servos nascidos em casa ou dos escravos que se faziam nas guerras.
Com o tempo, a palavra passou a ser usada para designar tudo aquilo que é próprio de um país ou uma nação, sem estrangeirismos.
Denomina-se VERNÁCULA a língua vulgar, a que se contrapõe à língua culta ou poética. Assim, a arquitetura vernacular refere-se a uma arquitetura prática e caseira, não heróica, facilmente tachada de arcaica e excluída do universo de atuação presente.
Entretanto, a arquitetura vernácula corresponde à representação factual de uma técnica construtiva e uma ideologia geral de determinada cultura, relacionando-se sempre à tradição local e à sabedoria popular; e ligando-se, de certo modo, ao FOLCLORE
(folk + lore).
O interesse por esse tipo de arquitetura – dita produto da arte popular – é relativamente recente, aparecendo em finais do século XIX, quando gravuras japonesas e esculturas africanas começaram a despertar a atenção dos críticos e artistas europeus.