Arquitetura Moderna em Portugal
Ana Tostões
Um recorrente debate na história da construção tem oposto o primado das formas ao das invenções estruturais. De um lado defende-se que as revoluções formais resultaram directamente dos novos materiais ou métodos de construção; do outro argumenta-se que as mudanças operadas na visão do mundo ou nas intenções estéticas apenas adaptam as técnicas ás intenções e objectivos expressivos. Este ensaio procura reflectir sobre o modo como as conquistas estruturais lideradas pela engenharia no quadro dos materiais, das técnicas e dos sistemas, foram de capital importância para a arquitectura que se produziu.
Em 1750 a fundação da École des Ponts et Chaussées marca uma nova era na história da construção com a formação especializada do engenheiro. De facto, com o advento da engenharia, baseada no desenvolvimento e utilização dos novos materiais, os elementos estruturais passaram a ser considerados de um modo abstracto. Isto é, a concepção arquitectónica oitocentista assente no primado da composição começava a ser
substituída
por uma concepção
estrutural determinada pela matéria e pela finalidade. Este facto, revelado nas obras pioneiras de engenheiros realizadas inicialmente com ferro - a arquitectura de engenheiros como se passou a designar1 - influenciou profundamente o desenvolvimento da arquitectura moderna. À noção clássica de forma e de proporção acrescentava-se a necessidade de ter em conta o material com que se construía.
Por isso se pode afirmar que as transformações na construção do século
XX decorrem fundamentalmente da influência dos progressos técnicos quer sobre o universo dos materiais de construção, quer sobre o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos sistemas . Por exemplo, a utilização do elevador constituíu um factor vital nas mudanças económicas e sociais que acompanharam o surto de urbanização das cidades. Na mesma ordem de ideias se pode referir que as