Francisco Keil do Amaral
O livro “A Moderna Arquitetura Holandesa”, escrito na sequência de uma viagem feita pelo arquiteto aos Países-Baixos em 1936, surge numa época de grande interesse dos arquitetos portugueses pela arquitetura moderna praticada na Europa, embora com as limitações impostas pelo regime do Estado Novo. Essa vontade de construir moderno e abrir horizontes na área da arquitetura culmina no primeiro congresso de arquitetura moderna, em 1948, no qual Keil do Amaral foi impulsionador, sendo ele o Presidente do Sindicato Nacional dos Arquitetos.
Da viagem realizada depois de uma estadia de um ano em Paris, resultam duas palestras descritas no livro. Uma primeira com linguagem simples e acessível a qualquer pessoa, descrevendo o que deslumbrou e entusiasmou o arquiteto naquela viagem considerou como “a verdadeira viagem”. Esta serviria de introdução a uma segunda palestra de caracter mais técnico e dirigida a arquitetos.
A narrativa feita pelo próprio arquiteto, gira em torno das vivências, arquitetura e urbanismo com que se deparou na Holanda, indo ao pormenor de episódios pontuais com uma linguagem acessível, de fácil leitura e compreensão. O primeiro impacto sentido foi o facto do estilo de vida em sociedade dos cidadãos holandeses, nomeadamente de Amesterdão, primeira cidade que visitou. Estes caminhavam na rua sempre risonhos, calmos, o que causou grande espanto e entusiasmo. As ruas tinham canais ao meio e nelas