Arq Grega
"[Em Atenas] o homem não depende já dos poderes misteriosos que o ultrapassam e aterram, nem dos seus intermediários. Vive por ele e para ele; dedica-se ao exercício da existência. Sente-se responsável tanto da sua pessoa, como da cidade. O fim essencial da sua vida já não é o serviço e a glorificação de um poder soberano. Numa sociedade civilizada e livre, onde a religião propõe um tratamento familiar com os deuses parecidos consigo, o cidadão encontra uma razão de ser no prazer, portanto, no aperfeiçoamento da existência. Esta margem de tempo, de actividade e de capital disponíveis que a arte real tinha criado vai possibilitar a arte civil e uma arte quase totalmente esquecida da sua função religiosa, essencialmente destinada a colaborar no desafogo e embelezamento dos dias.
Foi dado um passo decisivo: a arte, até então inconsistente entrevê a sua autonomia e, de facto, pela primeira vez, com a idade clássica despertará a noção de beleza, de que antes não se tinha tido a não ser o instinto criador e de que os filósofos se vão agora apoderar. (...) A arte deixa de ser exclusivamente funcional; ultrapassa até a etapa da arte ao serviço de Deus ou do monarca para descobrir que se pode destinar a um prazer sui generis: o estético. Demócrito já se referia aos prazeres produzidos pela vista das obras de arte e Aristóteles dirá muito justamente: «O belo é o que é desejável por si mesmo.» Só por isto, a Grécia abriria uma nova era.
René Huyghe, Sentido e Destino da Arte, Edições 70
A arte grega liga-se à inteligência, pois os reis não eram deuses, mas sim seres inteligentes e justos, que se dedicavam ao bem-estar do povo. Ao contemplar a Natureza, o artista entusiasmava-se pela vida e, através da arte, tentou exprimir as suas ideias, numa busca constante pela perfeição criando umaarte de grande elaboração intelectual.
A arte grega é antropocêntrica, pois os artistas preocupavam-se com o realismo e