Aristóteles - Política
Nascido em Estagira - uma região da Macedónia – foi em Atenas que Aristóteles estudou a constituição de 158 cidades gregas e, mais tarde, as ensinou em inúmeras lições cujas notas viriam a ser compiladas no “Tratado da Política”. Logo nas primeiras páginas do Tratado da Política (mais precisamente na 8ª), Aristóteles escreve que “(…) o homem é naturalmente feito para a sociedade política. Aquele que, pela sua natureza, e não como consequência do acaso, existisse sem qualquer pátria seria um indivíduo detestável...”.
O filósofo grego e aluno de Platão analisou, ordenou e sistematizou, em toda a sua extensão de fenómenos políticos, o governo autónomo da Cidade-Estado de Atenas, sendo considerado por muitos o pioneiro do estudo da Ciência Política. Este relatório visa a interpretação dos textos de Aristóteles (e para evitar reiteração) tudo o que for aqui escrito será sempre “segundo Aristóteles” excepto quando especificado o contrário.
Comecemos pelo início: a origem do Estado. O Estado nasceu da necessidade que o homem tem de se organizar para a conservação da sua comunidade e das diferenças que existem entre aqueles que nascem intelectualmente superiores e aqueles cuja única contribuição para o bem comum é a força física. Esta diferença incorpora numa divisão entre os que têm a capacidade para (bem) governar e os que têm apenas a de seguir quem os governa. É uma divisão natural pois é a natureza que concede, de nascimento, o poder a uns e a submissão a outros.
Porque os Estados são formados por famílias, a ordem tem que partir do seio familiar. O poder doméstico é um forte factor de bom governo e desenvolvimento cujas várias nuances foram agrupadas em três ramos: o despotismo (o poder do senhor sobre escravo), o poder marital (do marido sobre a mulher) e o poder paternal (do pai sobre o filho). Vou falar dos dois primeiros subconjuntos pois levantam questões proeminentes e fazem ligações a temas que não podia deixar de analisar.