Aristóteles: justiça e virtude
1.1 O tema justiça e a ética
A justiça tem sede no campo ético para Aristóteles, ou seja, tem sua teoria definida como uma ciência prática. A justiça assim nomeada como virtude (dikaiosyne), torna-se o foco das atenções do ramo do conhecimento humano que se dedica ao estudo do próprio comportamento; à ciência prática intitulada ética, cumpre investigar e definir o que é justo e o injusto, o que é ser temerário e o que é ser corajoso, o que é ser jactante.
Dentro da filosofia aristotélica é que se encontra referência a tripartição das ciências. A ética se enquadra em uma ciência prática. O conhecimento ético, o conhecimento do justo e do injusto, do bom e do mau, é uma primeira premissa para que a ação converta-se em uma ação justa ou conforme a justiça, ou em uma ação boa ou conforme o que é melhor. O que se quer dizer é que, em poucas palavras, não somente o conhecimento do que se seja justo ou injusto faz do individuo ser mais ou menos virtuoso, praticamente.
Em outras palavras, os princípios éticos não se aplicam a todos de forma única (a coragem não é a mesma para todos, a justiça também não), estando condicionados ao exame do caso particular para que, a cada um, de maneira pessoal e singularizada se aplique o justo meio (mesótes). O conceito de justo meio (mesótes) não comporta de forma alguma uma compreensão genérica e indiferente às qualidades específicas dos indivíduos; é, pelo contrário, sensível dentro das ambições teóricas de Aristóteles, a dimensão individual.
1.2 A Justiça como virtude
A justiça, compreendida em sua categorização genérica, é uma virtude (Arete), e, como toda virtude, qual a coragem, a temperança, a liberalidade, a magnificência é um justo meio (mesótes).
A justiça em meio ás demais virtudes que se opõem a dois extremos (um por carência: temeroso; outro por excesso: destemido), caracteriza-se por uma peculiaridade: trata-se de uma virtude à qual não se opõem dois vícios diferentes, mas um