Arcadismo
SITUAÇÃO HISTÓRICA
O desenvolvimento da mineração em Minas Gerais coincidiu com o declínio da lavoura da cana-de-açúcar. O centro econômico brasileiro deslocou-se do litoral nordestino para a região mineira, com importantes mudanças sociais. Vila Rica, a atual Ouro Preto, passou a ser a capital econômica do Brasil: por lá passava todo o ouro extraído pelos escravos.
Em Minas surgiu, então, uma classe média disposta a defender seus próprios interesses, a qual adotou a ideologia liberal burguesa vinda da França - o lluminismo, que apregoava a liberdade da propriedade e a igualdade de poderes e criticava o Estado absolutista.
Liberdade, Igualdade e Fraternidade eram suas palavras de ordem. Em 1789, esse espírito culminou na Revolução Francesa, que modificou o conceito de classe social trazendo os burgueses ao poder.
Em Vila Rica, um grupo composto por intelectuais que defendiam esses ideais teve especial importância: era o "Grupo Mineiro", que congregou, entre outros, Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga - os árcades brasileiros.
Esse grupo liderou um dos principais movimentos pela independência do Brasil - a Inconfidência. Os árcades "afrancesados" (partidários dos ideais iluministas), considerados subversivos, foram presos e exilados.
A RETOMADA DE UMA PERSPECTIVA RACIONAL
O século XVIII foi marcado pelo desejo de olhar para o futuro, como reação a uma certa superficialidade da arte e dos costumes atribuída aos excessos do Barroco. As idéias e as formas do Classicismo são recuperadas como caminho para o equilíbrio e para a reflexão racional. É essa a atitude definidora do Iluminismo (conjunto das tendências ideológicas, filosóficas e científicas desenvolvidas no período), após a recuperação de um espírito experimental, racional, que buscava o saber enciclopédico. Essa postura foi associada imediatamente à metáfora das "luzes", que iluminariam a cultura barroca, dominada pelas "trevas"