Apropriações da tradição marxista no serviço social
Analistas da produção teórica do Serviço Social constataram a existência de uma processualidade na relação entre Serviço Social e o marxismo, com níveis de apropriação complexos. A primeira delas é a apropriação ideológica do marxismo, onde através da tradição intelectual amplamente divulgada a parti da militância política que ficou conhecido como “Recorte” compreendido na oba de Marx como uma “sociologia científica” que desvenda o mecanismo da evolução social a partir da análise da situação econômica, justificando ideologicamente a necessidade de superação da neutralidade técnica em meio à conjuntura da crise da ditadura militar, buscando junto aos movimentos sociais e a classe trabalhista sujeitos potencialmente questionadores da ordem capitalista e sua expressão ditatorial. No entanto esse processo não rompeu radicalmente com a herança conservadora, de cunho positivista e irracionalista no Serviço Social, onde pode-se concluir que a reconceituação levou a uma ruptura política que não foi acompanhada de uma ruptura teórica com essa herança conservadora. No segundo momento expressa-se predominantemente por uma apropriação epistemológica que tem sua existência datada como ramo privilegiado da ciência moderna (virada conservadora do capitalismo) que estabelecia uma oposição rígida entre filosofia à ciências singulares positivistas, obscurecendo a totalidade essencialmente contraditória das relações sociais em processo de consolidação. A apropriação epistemológica do marxismo resulta também dos reducionismo da apropriação ideológica, onde o foco principal das discussões neste período era a profissão em seus componentes constitutivos e não a sociedade civil como seu fundamento. Tem-se aqui a percepção generalizada que emergiu da apropriação epistemológica do marxismo pelo Serviço Social: de que deveria existir uma identidade entre teoria e prática, sendo esta última moldada pela teoria de