Marxismo
Josiane Soares Santos1
A discussão aqui sintetizada é resultante da pesquisa que realizei por ocasião do mestrado em que as minhas preocupações estavam em torno de identificar as influências do conservadorismo pós-moderno na produção teórica do
Serviço Social brasileiro durante os anos 902. A pesquisa teve por base a análise de textos publicados na “Revista Serviço Social e Sociedade” entre os anos de
1993 e 2000. No percurso de análise dos dados, me deparei com a necessidade de organizá-los a partir de categorias que me pareceram centrais na medida em que determinam fundamente o ponto de vista da polêmica pós-moderna no
Serviço Social: os diferentes níveis de apropriação do marxismo pelos autores identificados com a corrente da renovação profissional denominada por Netto
(1996) como “intenção de ruptura”. Expor, portanto, estas categorias – apropriação ideológica, epistemológica e ontológica do marxismo no Serviço Social – é objetivo central deste trabalho.
Vários analistas na produção teórica do Serviço Social já evidenciaram a existência de uma processualidade na relação entre Serviço Social e marxismo3, onde se destacam níveis de apropriação cada vez mais complexos. Em tal processualidade, identifico o primeiro destes momentos como uma apropriação ideológica do marxismo, consubstanciado por ocasião do Movimento de
Reconceituação. A leitura de divulgadores desta tradição intelectual à qual tivemos acesso, predominantemente a partir da militância política, forneceu-nos um determinado e problemático “recorte” que se encaixava às requisições postas naquele momento histórico para a profissão: o nosso primeiro encontro com o marxismo capturou deste os seus elementos ídeo-políticos, como aportes para a afirmação da ruptura em níveis mais gerais, ressaltando o embate contra a neutralidade profissional.
1 Doutoranda em Serviço Social pela ESS/UFRJ. Professora do Departamento de Serviço Social