Aprender a pensar para saber viver
Marcelo Barros *
Com Raílton Nascimento Souza*
Quanto mais o mundo se diversifica, mais as relações sociais se tornam complexas: as pessoas têm dificuldade de sistematizar idéias, organizar conhecimentos e formular um pensamento claro que conduza a uma vida solidária e, na medida do possível, bem realizada. Hoje, mais do que nas décadas passadas, podemos repetir o que, no Grande Sertão Veredas, dizia o jagunço Riobaldo: "Viver é muito perigoso (...) e o risco maior não está na partida ou na chegada. O mais arriscado é a travessia". Para enfrentar as incertezas da vida e ajudar as pessoas a viver melhor, desde os séculos antigos, surgiu no mundo uma área do conhecimento que ensina a pensar e incita a pessoa a buscar a sabedoria. Ou seja, buscar o sabor da vida que une a sede da verdade e o mistério do ser. Pitágoras, um dos primeiros místicos deste caminho de iniciação, não ousou chamá-la de Sabedoria por ser uma arte humana e não divina. Como mortal se considerou apenas um "amante ou amigo da sabedoria". A partir daí esse saber passou a ser conhecido como Filosofia. A Filosofia séculos antes da era cristã, nasceu nas ruas das antigas cidades-estado gregas. Partindo de Atenas - com antenas orientais - consolidou o processo de evolução dos mais diversos povos. Na Grécia antiga, antes de constituir os círculos das academias de Platão e Aristóteles, era parte integrante da vida e objeto fundamental das discussões livres ocorridas em embaixo das árvores e nas praças públicas. No mundo moderno, ganhou os livros e se tornou disciplina ordinária de estudo acadêmico. Atualmente, se encontra quase sempre confinada às universidades e círculos especializados de pensadores eruditos. O mundo atual no entanto precisa muito de homens e mulheres que sejam verdadeiros filósofos e voltem a formular seu pensamento a partir da realidade, no contato permanente com a humanidade real do dia a dia. A juventude é bombardeada